No dia 21 de março comemorou-se o Dia Mundial da Infância. Essa data representa um período de reflexão de como vem acontecendo a formação integral da criança. A iniciativa para a criação desta data foi do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o objetivo de conscientizar pais, responsáveis e governantes sobre a importância de garantir uma boa formação às crianças.
A data lembra ainda que todas as crianças têm direito à liberdade, devem ser tratadas com dignidade e viver num ambiente saudável, longe de qualquer tipo de exploração, agressão, descuido e discriminação. Neste contexto, vale destacar que a infância nem sempre recebeu tanta importância quanto hoje. Ser criança no século XXI significa ter uma série de direitos como educação, saúde, alimentação e o fundamental direito à vida.
Entende-se que a infância é uma construção cultural, social e histórica, sujeita a mudanças. A obra de Ariés (1978) apresenta-se como uma importante fonte de conhecimento sobre a infância, sendo considerada por autores como Del Priore (2004) e Freitas (2001), como um trabalho de grande reconhecimento na análise e concepção da infância. Ariés delineou um perfil das características da infância a partir do século XII, no que diz respeito ao sentimento sobre a infância, seu comportamento no meio social na época e suas relações com a família. Por meio dos textos descritos é possível perceber a fragilidade da criança, assim como sua desvalorização.
A ONU (Organização das Nações Unidas), em 1959, aprovou a Declaração Universal dos Direitos da Criança, que inclui direitos como igualdade, escolaridade gratuita e alimentação. Considerando a construção histórica da infância no Brasil, a partir da década de 90, com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a criança passa ser entendida de maneira diferente de outrora, ocupa lugar de destaque na sociedade. Criou-se uma consciência sobre a importância das experiências durante a primeira infância e, com o objetivo de possibilitar seu melhor desenvolvimento, surgem políticas públicas e programas que ampliam as condições para sua cidadania.
“O ideal de infância do século XXI traz a imagem de uma criança feliz, saudável e inteligente, que tem a chance de desenvolver seu potencial máximo desde o início da vida.” Mas apesar de tanta evolução, ainda há grandes caminhos a serem percorridos. No que diz respeito à educação, por exemplo, a desigualdade começa ainda na primeira infância. De acordo com o IBGE, quase 30% das crianças mais pobres do Brasil não frequentavam a escola em 2013. Outra pesquisa, feita pela Fundação Abrinq em 2016, aponta que houve um aumento de 143 mil crianças e adolescentes ocupados pelo trabalho infantil entre 2013 e 2014 e mais de 60% vivem nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.
Neste ínterim, é importante refletir sobre a escola como local de desenvolvimento e proteção para as crianças. Pode-se pensar que a escola tem sido mais um dos lugares, como a internet, entre outros, em que é possível se tornar visível. É para a escola que as crianças pós-modernas vão diariamente. “A escola é o segundo contexto que a maioria das crianças frequenta regularmente, representando um espaço de convívio social onde são construídas, principalmente, as interações com os pares e com os professores. Após a entrada da criança na escola, os professores podem se tornar uma fonte de segurança e apoio emocional, contribuindo para a adaptação dos estudantes ao novo ambiente” (PETRUCCI; BORSA; KOLLER, 2016).
Dentro deste contexto, cabe destacar que a formação de qualidade do educador é de fundamental importância, uma vez que ele cumpre um papel essencial no desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade como um todo, considerando que o conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas.